O balão intragástrico representa uma alternativa interessante para pacientes obesos que não podem ou não desejam se submeter a uma cirurgia bariátrica, popularmente conhecida como redução de estômago, seja do tipo sleeve ou bypass. Ao longo dos anos, o procedimento vem mostrando resultados satisfatórios e diversas vantagens em relação às abordagens tradicionais.
Contudo, o seu uso ainda gera diversas dúvidas que vamos responder neste artigo. Vamos falar sobre os tipos mais comuns de balão gástrico, as suas indicações e contra indicações e de como se executa o procedimento para a sua implantação. Acompanhe a seguir.
O que é o balão intragástrico?
O balão intragástrico é um dispositivo feito de silicone altamente resistente. Por meio de um procedimento endoscópico, inseri-se o dispositivo no estômago de pacientes que precisam emagrecer. Uma vez dentro do corpo, preenche-se o balão com soro fisiológico e um líquido colorido.
O dispositivo ocupa um espaço significativo do estômago, o que evita que a pessoa coma de forma exagerada e faz com que ela emagreça. Além disso, nos primeiros meses, o emagrecimento é potencializado por uma sensação de saciedade e também por alterações hormonais e neurais.
Os modelos mais comuns podem permanecer dentro do corpo por um período de até 1 ano, porém, a remoção é necessária, pois o material se deteriora com a ação dos ácidos estomacais.
Todavia, caso haja necessidade, pode-se inserir um novo balão após 2 meses. Entretanto, é comum que os pacientes consigam manter o emagrecimento após o primeiro uso, principalmente quando se faz acompanhamento adequado.
É importante destacar que o paciente que uma nutricionista deve acompanhar o paciente, para que este adote uma rotina mais saudável de alimentação e, consequentemente, aumente a eficácia do procedimento. Recomendam-se também exercícios físicos de acordo com a capacidade de cada um.
Tipos de balão intragástrico
Existem diversos tipos de balão intragástrico, mas nem todos estão disponíveis no Brasil. A indicação de uso vai depender da avaliação médica.
Os modelos mais comuns são aqueles preenchidos com líquido, dentre os quais temos os ajustáveis e os não ajustáveis. No entanto, também há opções que se infla com ar e outras que podem ser engolidas como um comprimido.
Quais são as diferenças entre o balão gástrico ajustável e o não ajustável?
O balão gástrico ajustável e o não ajustável são os principais modelos. Já temos indícios da grande diferença entre eles no nome. O primeiro caso pode ser ajustado, o que significa que é possível aumentar ou diminuir a quantidade de líquido em seu interior conforme a necessidade. Por conseguinte, o modelo não ajustável não oferece essa alternativa, permanecendo com a mesma quantidade de líquido desde a hora em que se preenche até a sua retirada.
Compreende-se melhor essa diferença quando analisamos outro ponto: o tempo de utilização. O balão gástrico ajustável pode ficar continuamente no corpo do paciente por até um ano. Os ajustes garantem que o emagrecimento ocorra de forma mais equilibrada durante todo o período. Então, dependendo da resposta do paciente, pode-se retirar o dispositivo antes do prazo máximo.
Por outro lado, o modelo não ajustável permanece no estômago por até 6 meses, sendo que 80% da perda de peso costuma ocorrer em 90 dias.
Destina-se a outra metade do tratamento à manutenção dos efeitos e serve para que o paciente se adapte à nova rotina.
Quanto às semelhanças, os dois modelos são fabricados do mesmo material e têm igual objetivo. Além disso, os procedimentos de colocação e retirada de ambos são idênticos.
Como é feito o procedimento de colocação do balão intragástrico?
O paciente é sedado para a colocação do balão intragástrico, desse modo, evita-se quaisquer desconfortos. Em seguida, o médico introduz tubos flexíveis que vão da boca até o estômago. Um deles possui uma pequena câmera acoplada em sua ponta, que permite a observação do interior do órgão.
O próximo passo é a introdução do balão gástrico vazio. Já dentro do estômago, preenche-se o balão com soro e um líquido azul, que se usa para colorir as fezes e a urina, caso o mesmo se rompa.
Todo o procedimento leva em média 30 minutos. O paciente precisa ficar em observação por 2 ou 3 horas até ser liberado para casa.
O processo de remoção é extremamente similar e pode ocorrer entre 6 meses e 1 ano, dependendo do modelo de dispositivo adotado. O paciente é novamente sedado, para que o balão seja esvaziado e retirado por meio de um procedimento endoscópico.
Quem tem indicação para o uso do método?
Os pacientes que apresentam as seguintes condições possuem indicação para uso desse método:
- Com o IMC (Índice de Massa Corporal) acima de 35 kg/m².
- Com o IMC acima de 30 kg/m² associado a outras doenças, como pressão alta e diabetes.
- Obesos sem indicação de bariátrica.
- Com recomendação para a cirurgia bariátrica, mas que não querem realizá-la.
Pode-se submeter crianças também ao procedimento, porém, recomenda-se esperar o fim da fase de crescimento.
Ademais, não há impedimentos para o uso em adolescentes, mas a taxa de sucesso tende a ser menor devido às características comportamentais típicas dessa etapa da vida.
Benefícios do dispositivo não invasivo para o emagrecimento
Por ser uma técnica pouca invasiva, a colocação do balão intragástrico apresenta diversas vantagens:
- Baixo risco de complicações. Os problemas mais recorrentes são náuseas, vômitos e dores de barriga que podem surgir no decorrer da primeira semana. Mas, em raríssimos casos, o balão pode se romper e provocar obstrução intestinal.
- Não é preciso retirar partes de nenhum órgão.
- A recuperação é rápida, com alta no mesmo dia.
- A intervenção pode ser repetida quantas vezes forem necessárias.
- É totalmente reversível. Caso surja algum problema, retira-se o balão.
- Essa abordagem causa perda significativa de peso. No Brasil, os números apontam que os pacientes perdem em média 20% do peso corporal com a metodologia.
Contraindicações para o uso de balão intragástrico
Apesar de todos os seus benefícios, contraindica-se a instalação do balão intragástrico para pacientes que têm as seguintes condições:
- Alcoolismo.
- Hérnia de hiato com mais de 5 centímetros.
- Úlcera estomacal ou duodenal ativa.
- Enfermidades inflamatórias intestinais.
- Neoplasia gastrointestinal.
- Mudanças orofaríngeas.
- Alterações no processo de coagulação.
- Sangramentos ativos no intestino.
- Varizes esofágicas
- Doenças psiquiátricas.
- Problemas cardiovasculares, pulmonares e cerebrovasculares;
- Que estejam usando anticoagulantes ou anti-inflamatórios.
Por fim, o balão gástrico também não é indicado para as grávidas.
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