No dia 14 de junho, o mundo celebra o dia mundial do doador de sangue, uma data dedicada a reconhecer e honrar aqueles que voluntariamente doam sangue para salvar vidas. Em meio às comemorações do junho vermelho, mês que destaca a importância da doação de sangue, é essencial refletir sobre quem pode doar, os requisitos necessários e os impactos positivos dessa prática solidária.

Neste dia mundial do doador de sangue, a Dra. Antonela Siqueira, endocrinologista especializada em saúde transgêneres no Instituto Medicina em Foco em São Paulo, enfatiza a importância de discutir a doação de sangue entre pessoas trans, especialmente os homens trans que fazem uso de testosterona injetável. Um dos efeitos colaterais do tratamento com testosterona é o aumento da viscosidade do sangue, o que pode aumentar o risco de trombose e doenças cardiovasculares nessas pessoas. Doar sangue não só previne esses problemas como também pode ajudar a tratá-los.

No entanto, diante da falta de diretrizes claras sobre a elegibilidade para doação de sangue por essas pessoas, levantam-se questões sobre a possibilidade de doação, que deve ser um ato acessível a todos. Alegações de que o uso de medicação injetável ou níveis hormonais fora do padrão normal poderiam impedir a doação alimentam a incerteza. 

Surge então a pergunta: quem realmente pode doar sangue?

No Brasil, as diretrizes do Ministério da Saúde estabelecem critérios claros para garantir a segurança do processo. Pessoas entre 16 e 69 anos, com mais de 50 kg, e que estejam em boas condições de saúde são elegíveis para doar. Menores de idade precisam de consentimento dos responsáveis legais.

Anteriormente, as orientações excluíam certos grupos, como homens que faziam sexo com outros homens (HSH), com base em critérios que visavam mitigar riscos de transmissão de doenças como o HIV. No entanto, avanços legais no Brasil, como a decisão histórica do Superior Tribunal Federal (STF) em 2020, revogaram essas restrições discriminatórias, permitindo que todas as pessoas LGBTQIA+ possam doar sangue livremente, desde que atendam aos demais critérios de saúde.

Dia mundial do doador de sangue: junho vermelho e campanhas de conscientização

Além da elegibilidade básica, existem requisitos para doar sangue específicos que devem ser cumpridos antes da doação. É crucial que o doador não apresente sintomas de gripe ou resfriado, não tenha ingerido bebidas alcoólicas nas últimas 12 horas, e esteja alimentado, evitando alimentos gordurosos antes da doação. Outros critérios incluem um intervalo mínimo entre doações, que varia de acordo com o sexo do doador, garantindo a segurança tanto para quem doa quanto para quem recebe o sangue.

Do mesmo modo, certas condições médicas ou procedimentos recentes podem temporariamente impedir a doação, como gravidez recente, tatuagens ou piercings feitos há menos de 12 meses, e exposição a situações de risco para infecções sexualmente transmissíveis. Essas medidas visam assegurar que o sangue doado seja seguro para transfusão, sem riscos de transmissão de doenças.

O junho vermelho não apenas marca o dia mundial do doador de sangue, mas também engaja a sociedade em campanhas de conscientização sobre a importância da doação regular de sangue. Essas iniciativas visam não apenas aumentar o número de doadores, mas também educar o público sobre os benefícios e o impacto positivo de doar sangue regularmente.

A campanha de doação de sangue é essencial não apenas no dia mundial do doador de sangue, mas todos os dias, para garantir que os bancos de sangue tenham estoques adequados para atender às necessidades de emergências médicas, cirurgias complexas, tratamentos de câncer, e outras condições médicas que requerem transfusões sanguíneas. A participação ativa da comunidade é crucial para manter esses estoques e salvar vidas diariamente.

Dia mundial do doador de sangue: Dra. Antonela, defensora da doação inclusiva

No cenário da saúde pública, a doação de sangue desempenha um papel crucial na salvação de vidas, sendo um ato de generosidade e solidariedade que transcende barreiras. No entanto, para muitas comunidades, como a dos homens trans que utilizam testosterona injetável, as regras que regem quem pode doar sangue ainda são ambíguas e excludentes.

A Dra. Antonela Siqueira, endocrinologista para transgêneres no Instituto Medicina em Foco em São Paulo, tem se destacado como uma voz incansável na defesa da inclusão das pessoas trans no processo de doação de sangue. Ela destaca que um dos efeitos colaterais do tratamento com testosterona é o engrossamento do sangue, aumentando o risco de trombose e doenças cardiovasculares. Para muitos homens trans, a doação de sangue não é apenas um ato de solidariedade, mas também uma medida preventiva vital para a própria saúde.

Ao usar testosterona sob supervisão médica e manter níveis hormonais dentro dos padrões de um homem cisgênero, não há razão clara para impedir essas pessoas de serem doadoras, enfatiza Dra. Antonela, que ressalta a necessidade urgente de estabelecer diretrizes claras e inclusivas para permitir que indivíduos trans que usam hormônios injetáveis possam contribuir com segurança e sem discriminação.

Neste dia mundial do doador de sangue, celebremos não apenas os doadores, mas também aqueles que lutam pela inclusão e igualdade no acesso à doação de sangue. A iniciativa da Dra. Antonela e de outros defensores da saúde inclusiva destaca a importância de reformular as políticas para refletir o entendimento atual da medicina e promover um sistema de doação de sangue mais justo e acolhedor para todos.

Dia mundial do doador de sangue: um chamado à ação

A inclusão de pessoas trans na doação de sangue não é apenas uma questão de justiça, mas também uma oportunidade de fortalecer nossa comunidade em direção a um futuro onde todos possam contribuir para o bem-estar coletivo, independentemente de sua identidade de gênero.

À medida que celebramos o dia mundial do doador de sangue e participamos das iniciativas do junho vermelho, é essencial refletir sobre o impacto positivo e transformador que a doação de sangue tem na sociedade.

Todos nós temos o potencial de ser heróis ao doar sangue, salvando vidas e proporcionando esperança para aqueles que mais precisam. Portanto, é preciso continuar apoiando campanhas de doação de sangue, educando-nos sobre os requisitos e incentivando amigos, familiares e colegas a se tornarem doadores regulares.

Com a orientação de profissionais de saúde como a Dra. Antonela Siqueira, podemos trabalhar juntos para garantir que todos tenham acesso igualitário à oportunidade de doar sangue e fazer a diferença no mundo. Junte-se a nós neste junho vermelho e além, celebrando o dia mundial do doador de sangue e a generosidade que salva vidas!

Este artigo reflete não apenas a importância do dia mundial do doador de sangue e as práticas inclusivas de doação, mas também destaca a relevância das contribuições da Dra. Antonela Siqueira no Instituto Medicina em Foco, promovendo uma abordagem holística da saúde.

Nosso chamado é claro e urgente: é preciso diretrizes específicas e inclusivas que reconheçam e acomodem as necessidades de todos os potenciais doadores. A doação de sangue deve ser um ato acessível a todos, refletindo a diversidade e a solidariedade de nossa sociedade. Portanto, pedimos as autoridades e a comunidade médica a trabalhar juntas para estabelecer essas diretrizes, garantindo que todos possam participar e ajudar a salvar vidas.

Referências

UP TO DATE. Blood donor screening: Overview of recipient and donor protections. Disponível em: <https://www.uptodate.com/contents/blood-donor-screening-overview-of-recipient-and-donor-protections?search=doador+de+sangue&source=search_result&selectedTitle=1%7E150&usage_type=default&display_rank=1>.

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